sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Tabuleiros

Começo a aperceber-me que há pessoas que jogam em mais que um tabuleiro. Que nãos lhes basta estarem focadas num só e procuram criar vantagem jogando noutro. E assim vejo coisas da vida como um jogo de xadrez.
É um foge foge de jogadas, um avanço e recuo nas posições, é um esbarrar nos quadrados escuros e um alcançar nos claros. Cada peça tem um valor e um movimento diferente. Cada peça somos nós, cada peça sou eu e tu. Será impensável pedir-se que o Rei perca a sua liberdade e se transforme num mero peão. Esse tem os movimentos presos mas é aquele que abre o jogo e é sério, pois nunca mas nunca volta com a sua palavra trás. Há o cavalo com o seu ar galopante, que salta por todos em jeito de não olhar a meios para atingir os seus objectivos. Já o bispo é mais valioso que o cavalo, porém, e tal como cada crença tem o seu valor, nem sempre é vantajoso trocá-lo pelo cavalo. 
A torre está associada à protecção e ao controlo, eleva-nos os sonhos e dá-nos o conforto daquilo que é nosso, sempre.
A rainha, a peça de maior valor no jogo. É a governante do tabuleiro. É uma rainha reinante, soberana e poderosa. Só há uma. Raramente é utilizada no início desse jogo por estar sempre sujeita a ser atacada por peças menores. E são esses ataques que a desgastam, que a enfraquecem deixando o seu reino descampado.
E são essas as peças que compõem a nossa vida: os peões como que se toda a gente se tratasse, amigos, conhecidos e até mesmo o que passam por nós mas que não queremos na nossa vida; os cavalos como que a força para saltarmos e desafiarmos obstáculos; as crenças, ideologias, princípios e valores que o bispo representa, a protecção e conforto da família como uma torre e o amor do nosso rei.
Xeque, Mate e empate... as 3 formas de terminar o jogo, as 3 formas que deixam a rainha só, ali, no meio daquele padrão de geometria escura e clara. Onde a única possibilidade de voltar a ver o seu reino é com o recomeço de um novo jogo, novos peões, bispos e cavalos, torres e o rei.

Mas o jogador deixou o tabuleiro, deixou lá a rainha quando as jogadas não corriam bem e virou-se para um outro tabuleiro. Um daqueles em que as peças parecem estar lá todas, onde parece serem possíveis todas as jogadas, onde nos sentimos génios... mas aí percebemos que afinal é só mais um tabuleiro. As peças são as mesmas, os mesmos peões, os mesmos bispos e cavalos, torres e o rei. Mas a estratégia pode não ser a mesma. A malícia da jogada é outra. A perícia de contornar as regras tornou-se evidente. E no final da jogada o Rei ficou em xeque...

Volta-se ao tabuleiro anterior e como se nada tivesse acontecido, colocam-se todas as peças e constrói-se novo jogo: 
8 Peões, 2 bispos, 2 cavalos, 2 torres, 1 Rei e a Rainha.




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