sábado, 8 de janeiro de 2011

Saudade

A saudade...

Saudade é romantismo. É solidão e saudação.
Sentimento bem característico do povo português.
Desde sempre nos habituamos a separar dos que mais gostávamos pela bravura, pelo patriotismo, pela conquista. A saudade enaltecia o espírito lusitano. Dizia-se que a saudade ficava. Porém, ela não é só de quem fica mas também de quem vai. A saudade mais sofrida é aquela de quem ama... é a saudade do cheiro, do toque, da lágrima e do sorriso, do beijo e da carícia, do convite e da surpresa, da presença e da consentida ausência. A saudade aperta o peito, sufoca o pensamento e limita-nos os movimentos. A saudade é como a fome, só se satisfaz comendo a presença. A saudade é recordação do passado, é o presente incompleto e a esperança da presença no futuro.

Eu já senti saudade... aliás quem não sentiu... mesmo que sejam dos tempos da ingenuidade e meninice. Já senti a tua falta, dos olhares cúmplices, dos risos disfarçados, dos abraços, dos segredos, das barracas, dos passeios por caminhos desconhecidos, das descobertas, dos melhores hóteis e dos piores quartos, de entrar num carro de desconhecidos à meia-noite na passagem de ano em Paris, e de conhecer tanta coisa nova e de aprender outra tanta. Senti falta da presença com silêncio, das mãos dadas, dos disparates e das conversas sérias, da amizade, do carinho, do amor e de ti. Por vezes há situações que nos fazem desistir dessa saudade e preferimos sentir a falta do que viver com ela. Independentemente de tudo, hoje não vejo este sentimento com sentido depreciativo pois sei também que é sinal que vivi e que lembro da vida com sabor. Mas não quero viver sempre com a saudade porque na saudade o tempo pára e tudo pára nele. Quero que ela apareça só para me dizer: foi bom mas pode ser melhor. 

A saudade é quando tu te foste embora e o resto não.

É aqui que não me importo que me chamem de assassina, quero matar essa saudade.
E como diz Vinícius de Moraes, a saudade não compensa quando se pode ser feliz com a presença.

"Tomara
Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho

Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...

Vinícius de Moraes

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